Nascida em Sorocaba, interior de SP, Michele Da Ros construiu uma sólida carreira como consultora…
Simone Zucato
Convidamos a atriz Simone Zucato para estam- par nossa capa de novembro, e aqui ela sobre sua paixão pelo teatro, e sobre sua experiência como produtora de peças do circuito Broadway no Bra- sil. Sua última passagem pela TV foi a Liliane de “O Sétimo Guardião”, da rede Globo. Conversamos com a atriz sobre a arte e seus desafios no Brasil, seus projetos profissionais durante a pandemia.
- Simone o que representa o teatro pra você ?
Um aperfeiçoamento da Simone atriz. O teatro me ajuda a aprimorar minha inteligência cênica, minhas possibilidades como atriz e ouvir o cole- ga que está em cena comigo. E isso tudo colabora para a qualidade do meu trabalho. O processo de entendimento da curva dramática, das nuances de um personagem, dados, detalhes pertinentes a ele são riquíssimos. O ator se colocar no lugar daquele personagem e tentar entender como pensa e age, como caminha, como fala, como ri, como come ou como segura uma taça de vinho, me fascinam. É um ofício que precisa de muito estudo, muita dedicação, disciplina e observação. Representar um personagem e contar uma história para o público, levando mensagens im- portantes na maioria das vezes, é um verdadeiro presente. É uma grande responsabilidade estim- ular o público e ajudar na sua educação. Teatro para mim é a minha segunda casa, é ali que ten- ho minha segunda família, e sem meus projetos de teatro acho que não teria vontade de sair da cama pela manhã. Ele faz meu coração bater.
- Você esteve em cartaz, em uma temporada de sucesso com a peça “Sylvia” no ano de 2019. Como foi?
Sylvia conta a história de um engenheiro de meia idade, Greg, que encontra uma cachorra abandonada num parque e decide levá-la para casa. Contudo, sua esposa – Kate – não acei- ta a cachorra por estar num momento de as- censão na carreira e por estar vivendo uma nova fase (eles acabaram de se mudar, os filhos saíram para a faculdade). Então, Sylvia acaba sendo o motivo de uma grande crise conjugal.
É um texto belíssimo, delicado, que fala sobre o amor em suas diferentes formas, sobre amor incondicional, sobre a importância de se ter um cachorro, sobre a síndrome do ninho vazio e so- bre a falta de comunicação que temos nos dias de hoje e precisa ser trabalhada. A peça foi muito bem recebida tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Apesar de perceber que o público do teatro em 2019 esteve mais escasso que há três ou quat- ro anos atrás, as pessoas se emocionavam muito e muitas pessoas nos esperavam no final para nos contar sobre suas experiências. Algumas me diziam que iam adotar uma cachorra e colocar o nome de Sylvia. A maioria saía realmente en- cantada. É muito gratificante ter esse retorno do público e ver, por exemplo, que de alguma forma essa peça colaborou para aumentar a adoção de animais de rua. Esse era um dos nossos objetivos.
- Como foi a experiência de interpretar Lili- ane na novela “O Sétimo Guardião”?
Ahhh… só tenho coisas boas e positivas para falar. Mas as que mais guardo são referentes ao clima delicioso entre os colegas de elenco, os ensinamentos e conselhos de colegas a quem eu admiro, que me são referência desde minha infância e da importância de estarmos pron- tos e atentos a tudo em um set de filmagem. A linguagem da televisão, o ritmo, é muito dif- erente do teatro; e é muito gratificante para um ator poder transitar por esses dois universos.
- Quais são as maiores dificuldades enfrenta- das por quem produz teatro no Brasil?
Eu vejo e vivencio muitas dificuldades. A primei- ra coisa é, para quem é produtor e/ou ator, ter que lidar com a realidade que o público brasileiro se interessa mais por peças que tenham atores mui- to conhecidos em cena. Se não tem ninguém que está na televisão e que seja conhecido, é mais difícil você atrair o público para que ele venha ao teatro, independente se a peça é boa ou muito boa. Você tem o boca a boca, mas sempre vai ter uma plateia maior se tiver um grande nome no elenco.
Isso é triste porque as pessoas em sua maioria, não saem de casa para ver uma história sendo contada por atores e sim alguns atores contando uma história. Quando as pessoas se derem conta que o teatro é importante pelo texto, pela história contada, pela beleza de seu ritual e que essas histórias fazem parte de sua cultura, sua educação enquanto indivíduo, o teatro no Brasil terá resolv- ido, então, grande parte de seus problemas. Outra coisa que dificulta muito é a falta de interesse de empresas em patrocinar o teatro. E estou me refer- indo a todos os gêneros, incluindo o drama. Não gosto quando ouço “a vida já está muito difícil, as pessoas não querem sair de casa para assistir um drama”. Sem patrocínio conseguimos fazer teatro, mas com muito mais dificuldades e por um tempo muito menor de temporada. Com a pandemia, ter- emos novos desafios. Com o público reduzido, será mais difícil manter uma peça por muito tempo em cartaz. Muitos textos estão sendo encenados vir- tualmente através de plataformas digitais, mas os textos americanos e europeus na sua maioria não podem ser encenados assim, por uma questão de direitos autorais. Isso também reduz as possi- bilidades de quem produz peças de fora, como eu.
- Na vida pessoal, qual o seu maior sonho?
Durante a pandemia, eu fiquei em minha casa re- speitando a quarentena. Via meus pais apenas por vídeo. Há quatro meses meu pai sofreu um infarto e foi internado ás pressas. Teve três para- das cardíacas e infelizmente faleceu. Foi a pior coi- sa que aconteceu na minha vida, a pior dor que já senti. Acho que se eu pudesse ter o dom de voltar no tempo, eu teria optado por ficar na casa deles com eles; mas eu tive medo de ser uma possível fonte de contaminação para ele e minha mãe, e os dois eram do grupo de risco. A única coisa que eu sempre sonhei era ter aqueles que amo por perto, e como as pessoas não são imortais, que elas mor- ressem muito velhinhas mas com saúde e quali- dade de vida enquanto estiverem aqui, para desfru- tarmos de momentos de alegria juntos. Hoje acho que meu maior sonho pessoal é poder estar ao lado de quem amo, aproveitando as coisas boas da vida.
- Qual foi a sua viagem que você considera in- esquecível? Conte sobre ela.
Ah, todas as viagens para mim são inesquecíveis. Mas de todos os lugares, Paris é o mais especial. Eu não costumo ir a lugares turísticos apesar de sempre me deitar no Champs de Mars para ler um livro e ver a Torre Eiffel, e cada vez que vou, descubro vários lugares novos e especiais.
Eu amo aquela cidade. Hoje, depois da passagem do meu pai, eu tenho certeza que todas as viagens que fizemos em família serão aquelas das quais certa- mente eu nunca me esquecerei, e das quais terei sempre as melhores e mais alegres lembranças.
- Você é uma pessoa preocupada com o seu corpo? Pratica exercícios físicos e/ou recorre a tratamentos estéticos?
Não me preocupo com meu corpo e sim com minha saúde. Fora da pandemia, eu vou à academia to- dos os dias da semana. Faço musculação, exercíci- os aeróbicos ou/e zumba. Às vezes, me aventuro num circuito de Cross fit. Também vou ao meu dermatologista para fazer laser e outros aparelhos como o multiwaves, que eu adoro. Também med- ito todos os dias, leio muito e procuro melhorar a ansiedade que é natural a todos nós. Durante a pandemia tenho procurado ficar em casa, então tenho feito aulas de dança on-line, circuitos aeróbi- cos e de ginástica através de aplicativos e yoga.
- Possui algum hobbie? Dá tempo de conciliar? Ou o que gostaria de fazer como atividade extra ainda não realizada?
Eu faço aula de canto e dança sempre que posso. Durante a pandemia tenho feito apenas aulas on- line. Não é a mesma coisa, mas acredito que não podemos ficar parados e temos que otimizar as coisas dentro das possibilidades que temos. Ainda quero aprender a tocar violão ou piano. E também me organizar para ter aulas de pintura e de francês.
- Como tem sido sua rotina neste tempo de pandemia ?
Tenho me dedicado a pré produção de minha próxima peça de teatro, além de outros dois pro- jetos – também de teatro – que tenho, e também tenho aproveitado o tempo livre para leitura de vários livros e para assistir séries e filmes que não conseguia assistir antes. Durante alguns meses dei aulas de idiomas de inglês e espanhol online , gratuitamente a alguns amigos que pre- cisavam para trabalho. Tenho estudado bastante também pois o ofício do ator requer que você siga num continuo aprendizado. Como adoro cozin- har, tenho cozinhado receitas da minha mãe que adoro e me exercitado diariamente. E recente- mente, comecei a escrever mas ainda não posso falar muito sobre isso. Tento me manter ocupada o máximo de tempo possível, mas tem dias que se acordo e não tenho vontade de fazer uma coi- sa ou outra, me dou de presente o direito de ficar tranquila, sem obrigação de fazer isso ou aquilo.
FICHA TÉCNICA
FOTOS E BELEZA – PINO GOMES STYLIST – PAULO ZELENKA
LOOK BOUDOIR
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