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Irmão de Elza Soares revela detalhes inéditos em entrevista exclusiva à Gardênia Cavalcanti 

Na última terça-feira (25), na coluna “Mulherão”, do Jornal O Dia, a apresentadora e jornalista Gardênia Cavalcanti trouxe um pouco da história de vida da diva Elza Soares.

Artista consagrada, Elza sempre esteve à frente do seu tempo, e foi justamente durante uma entrevista para o programa “Vem com a Gente”, que vocês acompanham diariamente, às 14h, na tela da Band, que Avelino Gomes Filho, irmão de Elza Soares, esclareceu muitas dúvidas sobre a musa.

Gardênia Cavalcanti entrevista o irmão de Elza Soares – Foto: Divulgação

Veja na íntegra a matéria publicada na coluna de Gardênia e trechos da entrevista com o irmão de Elza Soares:

Sobre o que diz respeito às necessidades e até mesmo à fome, que ela e os filhos teriam passado. Na internet, são várias as matérias que falam sobre este período de sua vida. Contudo, Avelino discorda e faz questão de explicar.

“Nossa família era muito pobre, mas não passamos fome. Nossos pais trabalhavam muito, davam duro para que a gente tivesse comida no prato. Talvez não tivéssemos aquele filé, tão pouco caviar, mas fome, não passamos!”

Avelino esteve presente em diversas apresentações da artista. Músico, ele relembra com orgulho o começo da carreira da irmã. “Saímos do bairro de Padre Miguel, na Zona Oeste, e fomos morar na Água Santa, na Zona Norte. Éramos garotos. Eu estudava violão e Elza sempre gostou de cantar. Um belo dia, o maestro Joaquim Naegli disse que precisava de uma crooner (cantora de orquestra ou conjunto musical) para a Orquestra Garam de Bailes. Elza fez o teste e passou. Logo no primeiro baile que ela se apresentou foi um sucesso”.

Na orquestra, nossa diva seguiu até 1954, quando engravidou. No ano seguinte, voltou a cantar na noite e em 1960 lançou seu primeiro disco, “Se Acaso Você Chegasse” e, em 1962, seu segundo LP, “A Bossa Negra”. Avelino conta ainda, que um dos integrantes da orquestra foi contrário à chegada de Elza. “Ela sofreu preconceito já naquela época. Lembro que essa pessoa se dirigiu ao maestro e disse: essa menina negra não vai dar certo”. Apesar disso, Elza não se abalou e seguiu em frente. Não à toa, revela o irmão de 86 anos, “Essa mesma pessoa voltou atrás e reconheceu o talento da Chica”, apelido carinhoso dado por Avelino.

Dali em diante a coisa aconteceu. “Elza começou a se destacar. Conheceu Moreira da Silva e Mercedes Baptista. Foi para a Argentina e pela primeira vez saiu do país. Lembro que minha mãe trabalhava muito lavando roupas para as madames. Ela fazia questão que a filha se vestisse bem durante a viagem. Na volta, Elza se apresentou no Odeon e explodiu”.

Gardênia Cavalcanti entrevista o irmão de Elza Soares – Foto: Divulgação

A música era tudo para Elza Soares. Avelino disse que a irmã “Era tão fanática, que cozinhava cantando. Fazia uma canja de pé de galinha que era uma maravilha”. Outra lembrança de infância são as confusões. “Quando a gente arrumava algum problema na rua, era a Elza quem nos defendia. Ela era brava”.

Outro assunto desmitificado por Avelino foi o suposto casamento à força, aos 12 anos — comum àquela época — e bastante comentado na mídia. “Isso não aconteceu. Foi a própria Elza quem quis casar. O que aconteceu foi que ela passou por uma emancipação, aos 15 anos. Deram 17 anos para ela e talvez aí esteja a confusão com a idade dela. Por isso, afirmo que Elza não morreu com 91, mas com 89 anos”.

Segundo li, dois filhos de Elza teriam morrido de fome, o que também foi negado pelo irmão. “Isso também não é verdade. Mesmo com todos os problemas que a família passava, eles tinham o feijão com arroz. Seu marido trabalhava muito, era ajudante de caminhão”.

Sobrinho-neto de Elza Soares, o cantor Bruno Supra, também revelou alguns detalhes da vida da estrela. E, apesar do pouco contato com a tia-avó durante a infância, foi um dos influenciados por ela para seguir na carreira musical. “Eu sempre gostei de música. Cheguei a lançar algumas canções, mas acabei desistindo do meio. Eu só retornei à carreira por causa dela. Lembro que um dia ela me perguntou como estava meu grupo de pagode. Falei que iria seguir carreira no Direito. Me formei, mas ainda sentia aquele desejo de viver da arte. Recentemente, retomei e tinha planos de gravar com ela”.

O artista conta ainda que a tia “estava muito bem”, mas de repente “se sentiu mal”. “Nossos familiares queriam chamar um médico, mas ela recusou. Disse que não era necessário porque estava melhor. O que sei é que em um certo momento, minha tia disse que iria morrer, e que estavam vindo buscá-la”.

Sobre a criação de um espaço dedicado à memória de Elza Soares, o sobrinho conta que a família já foi procurada. “Existe essa possibilidade. Elza tem muitos pertences que contam sua história e que fizeram parte da sua vida. Houve um interesse por parte dos órgãos públicos, mas ainda não é algo concreto. Espero que em breve a gente consiga dar essa notícia. A memória de Elza não pode e nem será esquecida. De qualquer forma, da minha parte. Pretendo levar a Elza nas canções, de maneira muito respeitosa. Se eu atingir 3% do que ela fez eu fico satisfeito”.

“Meninas, sinceramente, se antes eu já sentia uma admiração enorme por essa diva, que ficará eternamente na nossa memória, hoje, posso reafirmar que esse sentimento só aumentou. O bate-papo que tive com Avelino e Bruno só me provam o quanto Elza Soares foi e será uma inspiração para diversas gerações. Mulher preta, pobre, corajosa, que lutou contra o preconceito, e nos mostrou a importância de seguir em busca dos seus objetivos. Seu papel é de protagonismo contra a segregação. Na minha opinião, seu legado será eterno, principalmente para as mulheres guerreiras, que assim como ela, não temem o mundo. Elza seguiu até os últimos minutos, como queria: Cantando até morrer!”, finaliza a apresentadora Gardênia Cavalcanti.

Fonte: Coluna Mulherão de Gardênia Cavalcanti do Jornal O Dia.

O programa Vem Com a Gente vai ao ar na sexta-feira (28) às 14h.

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